quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Grupo Cequipel faz 30 anos e espera crescimento de 35% em 2013

O  grupo Cequipel, maior fabricante de mobiliário escolar da América Latina, referência no Brasil em mobiliário corporativo e em tecnologia para educação, acaba de completar 30 anos. Fundada no Rio Grande do Sul, mas com sede em São José dos Pinhais, na Grande Curitiba, está presente em vários estados.

E agora prepara dois importantes passos: a entrada no segmento do e-commerce e a abertura de capital, conforme anuncia o seu diretor-presidente Airton Bohrer Oppitz.

Por meio o seu braço tecnológico Oppitz, o grupo Cequipel fabrica as carteiras informatizadas e fornece produtos de última geração, como lousa digital interativa, armários digitais, terminais de autoatendimento, armários para notebook e as câmeras de documentos.

E orgulha-se também em ser referência em qualidade na criação e produção de móveis, como a linha Tecno – mobiliário corporativo que incorpora móvel e hardware num só produto.

Para este ano, segundo Airton Oppitz, o grupo almeja  crescer 35%, devendo alcançar um faturamento de R$ 200 milhões, alavancado pelo inicio de sua atuação no segmento de e-commerce. O portal mercadoescolar.com entrará em funcionamento dentro de pouco tempo nos moldes das grandes lojas virtuais com a proposta de agregar os principais fornecedores de mobiliário escolar do Brasil.



Airton Bohrer Oppitz: no futuro, investimento em educação substituirá
quantidade por qualidade.

O grupo Cequipel emprega cerca de mil pessoas e tem unidades comerciais em várias capitais e representantes em todo o território brasileiro. E está apoiado em quatro segmentos: linha escolar, móveis corporativos, cadeiras e a linha hardware educacional. E tem fábricas em Biguaçu (SC), São José dos Pinhais (PR) e Nossa Senhora do Socorro (SE). Na entrevista a seguir, entre outros temas, Airton Oppitz fala do futuro do grupo, das tendências do mercado e da abertura de capital.


Carteiras informatizadas da Cequipel




A história do grupo Cequipel começa no Rio Grande do Sul?

Airton – E foi quase por acaso. Eu era representante comercial da Sonelli, com sede em Canela, que fabricava instrumentos musicais e móveis residenciais e escolares. A empresa era do meu pai, Gildo, e de um tio, Dilmo. Mas um incêndio levou ao encerramento em 1983 das atividades da Sonelli. Então, meu irmão Maurício e eu criamos a Cequipel Comercial: comprávamos e vendíamos mobiliário escolar, primeiramente no Rio Grande do Sul e, depois, em Santa Catarina.

Por que a opção do grupo pelo Paraná?

Airton – Começamos a primeira unidade industrial em Santa Catarina.  Passamos a comprar  vários componentes e mobiliário escolar (vendíamos mais do que produzíamos em Santa Catarina) da empresa falida João Malluceli, uma grande organização industrial paranaense que sofreu dificuldades em decorrência da alta valorização cambial na época, pois tinha financiamento em dólar. A massa falida funcionava com autorização da Justiça para manter os empregos. Tempos depois, o BRDE levou o prédio a leilão. Havia um leasing back. Compramos o prédio, embora a  massa falida continuasse funcionando normalmente.  Mas a justiça, um dia,  disse que a situação não poderia continuar com a massa falida funcionando dentro do nosso prédio. E em novo leilão compramos as máquinas, contratamos os funcionários da empresa falida e mudamos a sede para São José dos Pinhais, Foi tudo uma questão de oportunidade.


Carteira informatizada desk one


Agora com os 30 anos completamos, quais as perspectivas do grupo?

Airton – A empresa pretende ter uma participação maior no mercado privado. Nós estamos muito focados na área da educação e se observa que o País está encolhendo demograficamente. Posso projetar que daqui a 15 anos teremos a metade da quantidade de alunos que temos hoje. Então, o investimento público e privado em educação, embora seja uma prioridade nacional, terá que ser em qualidade, diminuindo significativamente em quantidade. A ideia é ter uma participação mais participativa no mercado privado com  móveis de forma geral e com equipamentos de hardware,

O mercado privado está em expansão?

Airton – Sim. E não me refiro só ao segmento escolar, mas também a móveis de escritório, cadeiras, terminais de atendimento como os que já instalamos no Ministério da Saúde, no Detran, no Poder Judiciário e em muitos outros espaços. Vamos abrir mais o leque.

Certa vez o senhor falou que uma das tendências do mercado será o leasing de móveis escolares.

Airton – É uma ideia nacional, e até mesmo internacional, de quem trabalha com hardware. Quando se compra um móvel – uma cadeira, uma mesa – usa-se esse móvel durante 20 anos sem que ele dê problemas. Quando se compra hardware – um terminal de autoatendimento, por exemplo –, o contrato de manutenção acaba às vezes, ao longo do tempo, ficando mais caro do que o próprio produto. E esse produto tem um valor de aquisição maior. Então, há uma tendência nos órgãos privados de se alugar computadores, de alugar terminais de autoatendimento, e outros equipamentos de tecnologia, ao invés de os comprarem.  Em dois ou três anos, quando se encerrar o contrato, o fabricante ou o fornecedor recolhe aquele equipamento e põe um novo no lugar. Hoje o hardware tem uma vida muito curta. A dinâmica na área de TI é muito grande.


Linha de móveis corporativos


Alguma tendência no setor público quanto aos móveis escolares?

Airton – A nova tendência do mercado é que o Governo Federal começa a fechar de todas as formas as licitações públicas de modo a dar mais velocidade e transparência ao processo e de minimizar os custos. Por exemplo, hoje o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão do Ministério da Educação, faz licitações nacionais e os estados e os municípios, ao invés de abrirem licitações próprias, aderem ao pregão nacional, no qual os preços são muito baixos. O mobiliário escolar hoje no Brasil é commodity. Então, a empresa tem de ter escala, equipamentos, importar componentes e maximizar a sua capacidade produtiva para obter algum resultado. Fizemos agora um contrato com o FNDE de fornecimento, por um ano e meio, de carteiras escolares. Isto é bom, mas tem a desvantagem de concentrar demais a compra, tornar as fabricantes de mobiliário escolar, como nós, dependentes de licitações. Ganhar ou perder determina a continuidade da empresa. Em função disso, queremos abrir outras linhas e não ter no mobiliário escolar nosso carro-chefe, com índice de mais ou menos 50% do faturamento.

O governo já está comprando os móveis escolares informatizados, como a carteira informatizada?

Airton – Não. O governo está limitado aos tablets, à lousa digital e ao projeto basicamente. Os demais produtos informatizados são vendidos para as escolas privadas. Temos vendido para colégios maristas, Senai, Sesi, para colégios que têm vanguarda em educação e universidades privadas, instituições de utilizam tecnologia de informação na sala de aula.

Fora os produtos de fabricação própria, o grupo Cequipel também comercializa produtos de terceiros, em parceria, como as bicicletas escolares.

Airton – É uma das maneiras de aumentar o faturamento da empresa, tirando a concentração em cima do mobiliário escolar. E com um site de vendas, um ponto com de vendas, poderemos aumentar muito o faturamento:  além de vender o que fabricamos, vamos oferecer um leque de produtos que têm a ver com educação. O projeto está caminhando, deve estar ser lançado em janeiro ou fevereiro do ano que vem. É o e-commerce. Estamos agora buscando produtos no exterior, fazendo parcerias, para que os parceiros integrem o site. A nossa ideia, com o e-commerce, é  comercializar produtos com média de 5% a10% abaixo dos preços de mercado.


Os conjuntos blockkids são sucesso de venda


E a modernização da planta fabril? Há investimentos nessa área?

Airton – Com o advento da linha de hardware, tivemos que implantar centro de usinagem, puncionadeira, dobradeira, enfim, vários equipamentos, de forma que, aquilo que antes fazíamos fora da empresa, que terceirizávamos, poderemos agora fazer direta e internamente. E modernizamos também a linha de metalurgia, colocamos um robô que hoje alimenta as dobradeiras e furadeiras. Como eu disse anteriormente, o mobiliário escolar passou a ser uma commodity brasileiro. Vai sobreviver quem tiver custo baixo. Daí o fato de estarmos investindo bastante, aproveitando os momentos de bons pedidos, em volume e não em lucratividade, para que possamos diminuir os custos da empresa, lembrando que daqui para frente os preços provavelmente estarão ainda mais baixos do que os atuais. Os preços vêm baixando a cada licitação.

Esses investimentos são feitos com recursos próprios ou com financiamentos?

Airton – Em alguns casos utilizamos o Finame, que está com juro muito baixo, de 3% ao ano. Quando os equipamentos são importados, pegamos financiamento de menor taxa. Contudo, se essa taxa for superior a 1%, preferimos fazer a vista ou em poucas parcelas para não deixarmos compromissos de longo prazo. Nos casos de valor alto, a opção passa a ser de financiamentos de médio e longo prazo.

 Alguma outra linha de financiamento do governo?

Airton – Estamos nos enquadrando na Lei do Bem (apoio ao desenvolvimento tecnológico e inovação nas empresas brasileiras), do Ministério da Ciência e Tecnologia, que permite que se utilize mais ou menos 60% do imposto de renda, contribuição social e IPI pagos no último ano para investimentos, principalmente na linha de tecnologia, ecologia e meio ambiente. Já encaminhamos projetos a Brasília. Podemos fazer investimentos na casa de R$ 2 milhões por ano até 2016.

E a transformação de empresa limitada em sociedade anônima?

Airton – Estamos caminhando nesse rumo. Entendemos que hoje a Cequipel, com mais de mil funcionários e colaboradores, não é mais dos seus donos – ela pertence à comunidade, à sociedade, aos seus funcionários. Quando se abre o capital, é uma maneira de se dar continuidade à sua empresa mesmo após o final da sua existência pessoal.

Fonte: IC News por Walter Schmidt

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